Grafite
mostra Trump e Putin se cumprimentando
com beijo na boca (Petras Malukas/AFP)
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O presidente eleito dos Estados
Unidos chamou organização de "obsoleta". Já o Kremlin classificou a
aliança militar ocidental como "um anacronismo"
Às vésperas de assumir a Casa
Branca, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é “obsoleta” e arrancou a
concordância do governo da Rússia, que critica a expansão da aliança no leste
europeu. A declaração foi dada ao jornal dominical britânico The Sunday Times e
voltou a levantar temores sobre um possível desmonte na Otan. Segundo o magnata
republicano, a organização não está preparada para combater o “terrorismo
islâmico”.
“A Otan é obsoleta, e seus membros
se apoiam na América, não pagam aquilo que deveriam pagar”, disse Trump.
Durante a campanha eleitoral nos EUA, o presidente eleito prometeu exigir mais
investimentos dos outros países da aliança e afirmou que “não se sentiria
obrigado a defender seus parceiros”, contrariando os tratados da entidade.
A perspectiva de uma mudança de
postura de Washington em relação à Otan preocupa sobretudo às nações bálticas,
especialmente após a anexação da Crimeia por Moscou e da guerra civil com
separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia. Recentemente, a organização
reforçou suas tropas na Letônia, ex-república soviética que, segundo um estudo
do think tank americano Rand Corporation, poderia ser conquistada em menos de
60 horas.
O Kremlin não esconde a irritação
pelo avanço da aliança na Europa Oriental, chegando cada vez mais perto de suas
fronteiras. Além de já estar nos países bálticos, que fazem divisa com a
Rússia, a organização corteja há anos a Ucrânia, em uma aproximação que está no
centro da crise que levou à anexação da Crimeia.
A ex-península ucraniana fica na
costa norte do Mar Negro, onde está instalada uma das mais importantes unidades
militares da Marinha russa, a Frota do Mar Negro. “A Otan é verdadeiramente um
anacronismo, estamos de acordo sobre isso. Há tempos exprimimos nossa visão
sobre essa organização, que tem o confronto como objetivo”, afirmou nesta
segunda-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
“Inquietação” — Já o ministro das
Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, disse que as
declarações de Trump causam “inquietação”. Ainda assim, o futuro presidente –
ele assumirá o cargo em fevereiro – lembrou que a postura do magnata vai de
encontro ao que pensa o próximo secretário de Defesa dos EUA, James Mattis.
Em sabatina no Senado na semana
passada, Mattis garantiu que considera a Otan como “central” para a segurança
norte-americana e destacou que a meta do mandatário da Rússia, Vladimir Putin,
é “dividir” a aliança militar. “A Otan não é obsoleta, mas sim de grande
importância para a Europa e para todos”, completou um porta-voz do Ministério
das Relações Exteriores da Alemanha.
(Com ANSA)
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