O senador
afastado Aécio Neves (PSDB-MG)
(Joel Rodrigues/Frame/Estadão Conteúdo)
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O senador afastado será
investigado pelo suposto recebimento de mais de R$ 60 milhões em propina por
meio de notas fiscais frias da JBS
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello decidiu nesta
quinta-feira abrir um novo inquérito para investigar o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) pelo crime
de lavagem de dinheiro. O pedido de abertura foi feito pelo procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, a
partir das delações premiadas de
executivos da JBS. O tucano já é alvo de denúncia por corrupção passiva e obstrução de Justiça no STF,
sob análise de Marco Aurélio.
Quando pediu o novo inquérito, a
PGR apontou necessidade de investigar três pontos: “o pagamento de propina da
ordem de mais de 60 milhões de reais feito em 2014 ao parlamentar por meio da
emissão de notas fiscais frias a diversas empresas indicadas por ele”, o
pagamento a diversos partidos para apoiarem a candidatura à Presidência da
República em 2014, e “o pagamento de dinheiro em espécie feito diretamente a
Frederico Pacheco de Medeiros, primo do Senador e por este indicado para
receber os valores”.
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Janot também diz que Aécio Neves,
depois de passada a campanha eleitoral de 2014, procurou Joesley Batista pedindo recursos
financeiros, e o delator teria concordado em comprar um imóvel superfaturado em
Belo Horizonte por 17 milhões de reais por uma pessoa indicada por Aécio, a fim
de que o dinheiro chegasse ao senador afastado.
O diretor de relações
institucionais da empresa, Ricardo
Saud, disse à PGR em seu acordo de delação premiada que o senador
afastado recebeu o dinheiro na campanha de 2014 em troca da resolução de
problemas da JBS em Minas Gerais, então governado pelo senador tucano Antonio
Anastasia (PSDB). “Se ele ganhasse o governo ele ia pagar a gente em forma de
benefício”, disse o delator.
Segundo Saud, parte do valor, 13,5
milhões de reais, foi paga à PVR, empresa de Paulo Vasconcelos, marqueteiro da
campanha do tucano, e 6 milhões de reais a uma empresa do instituto de
pesquisas Sensus. De acordo com o delator, as duas empresas, ambas fornecedoras
da campanha de Aécio, firmaram contratos fictícios com a JBS para justificar o
recebimento dos valores. Ele também relatou a “compra” de partidos à campanha
presidencial do tucano, como o PTB e o Solidariedade.
No outro inquérito aberto contra
Aécio Neves no STF a partir dos delatores do Grupo J&F, ele é acusado de
solicitar e receber 2 milhões de reais do empresário Joesley, dono do grupo. As
entregas do dinheiro, feitas a Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio,
foram filmadas pela Polícia Federal. Além do senador afastado e Pacheco de
Medeiros, também foram denunciados a irmã do tucano, a jornalista Andrea Neves, e o ex-assessor do senador
Zezé Perrella (PMDB-MG), Mendherson Souza Lima.
Em nota, a defesa Aécio Neves
disse que recebe a informação com naturalidade por se tratar de desdobramento
da denúncia inicial. “A investigação demonstrará que não se pode falar em
lavagem ou propina, pois trata-se de dinheiro de origem lícita numa operação
entre privados, portanto sem envolver recurso público ou qualquer
contrapartida. Assim, não houve crime”, disse o advogado Alberto Zacharias
Toron.
Andrea Neves vai para 1ª
instância
Também nesta quinta-feira, Marco
Aurélio Mello determinou o desmembramento da investigação aberta contra Andrea,
Pacheco de Medeiros e Souza Lima. Os acusados serão julgados pela primeira
instância da Justiça de São Paulo, local onde os acusados foram gravados em
ações controladas da Polícia Federal a partir das delações da JBS.
O pedido de desmembramento foi
feito no início da semana pela defesa de Andrea Neves. Os advogados alegaram
que ela não tem foro privilegiado e, por isso, não pode ser julgada pelo Supremo.
Na terça-feira, a Primeira Turma
do Supremo, presidida pelo ministro Marco Aurélio, determinou que Andrea Neves, Frederico Pacheco e Mendherson Souza Lima passem a
cumprir prisão domiciliar com monitoramento por tornozeleira eletrônica. Eles
haviam sido presos na Operação
Patmos, deflagrada no dia 18 de maio.
(com Agência Brasil e Estadão
Conteúdo)
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