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Os partidos que
não participaram e que apelaram à abstenção nas eleições municipais de domingo
(11), na Venezuela, estão impedidos de participar na próxima eleição
presidencial, anunciou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Os partidos de
oposição Ação Democrática, Primeiro Justiça e Vontade Popular – três das quatro
principais legendas da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) –
se recusaram a participar das eleições municipais em protesto contra o que
classificaram de sistema eleitoral fraudulento e justificaram a ação alegando
falta de confiança no Conselho Nacional Eleitoral.
"Um
partido que não participou hoje não pode mais participar", disse Maduro,
em coletiva onde também ressaltou como "extraordinária" a presença
nas urnas. Em seguida, ele questionou o que a oposição pretende. "Se eles
não querem eleições, o que eles estão fazendo? Qual é a alternativa? Guerra
civil?"
"Eles [os
partidos] vão desaparecer do mapa político", afirmou o presidente
venezuelano. As principais figuras da oposição que lideraram protestos nas ruas
do país contra Maduro, como Henrique Capriles e Leopoldo López, estariam
incluídas no banimento. Capriles, ex-governador do estado de Miranda, foi
banido por 15 anos de atividades políticas e López, coordenador nacional do
Vontade Popular, está detido sob prisão domiciliar.
No domingo,
foram realizadas eleições em todos os 335 municípios da Venezuela e para
governador do estado de Zulia. O conselho eleitoral relatou uma participação de
47%, em meio ao boicote parcial da oposição. Maduro afirmou que sua legenda, o
Partido Socialista Unido (PSUV) venceu em "mais de 300" dos 335
municípios. "Estou muito feliz pela nossa grande vitória", disse, em
Caracas. "Agora vamos nos preparar para 2018."
O governo de
Maduro e seu partido PSUV controlam a presidência, a nova Assembleia
Constituinte criada por Maduro em agosto e quase todos os governos estaduais da
Venezuela.
Oposição
denuncia "voto de cabresto"
A coalizão
opositora venezuelana MUD qualificou de fraudulentas as eleições municipais de
domingo. "Novamente vimos todo o aparelho do Estado abusando do seu poder,
incluindo o uso perverso da carteira 'da pátria', para submeter à vontade de um
povo em situação de extrema necessidade", segundo comunicado da MUD.
A Carteira da
Pátria é um censo paralelo estabelecido pelo governo, com 16 milhões de
venezuelanos inscritos (a metade da população). Com ela, a administração
chavista distribui ajudas sociais e alimentos subsidiados dos quais vários
venezuelanos dependem.
Maduro e a
cúpula chavista haviam pedido insistentemente aos eleitores para comparecer às
urnas com a Carteira da Pátria, de maneira que pudessem se registrar nos postos
habilitados pelo Partido Socialista Unido em frente aos colégios eleitorais.
Esta prática, qualificada por alguns de ilegal, permite ao governo saber quem
vai votar. Além disso, alguns opositores tacharam de falsa a informação de 47%
de participação nas urnas.
No estado de
Zulia, um candidato da oposição venceu a eleição de outubro. No entanto, ele se
recusou a ser juramentado pela nova Assembleia Constituinte. O pleito deste
domingo foi vencido por um candidato chavista pró-Maduro.
Hiperinflação e
default
A votação de
domingo ocorreu em meio a um contexto de hiperinflação, falta de bens e
serviços e um incumprimento na quitação de dívidas. Estatísticas publicadas
pela Assembleia Nacional – controlada pela oposição – na semana passada
mostraram que a inflação em novembro foi de quase 57%. Ao mesmo tempo, a
Venezuela deixou de quitar dois títulos – não pagou um cupom de 183 milhões de
dólares, segundo relato da agência de rating S&P na sexta-feira.
A frágil
situação econômica e a pressão internacional levaram o governo a conversar com
membros dos partidos oposicionistas como o objetivo de reduzir as sanções dos
EUA. Os delegados da oposição pediram por garantias de uma eleição presidencial
livre e justa em 2018. As negociações devem se retomadas nesta semana.
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