O primeiro
vice-presidente do Peru, Martín Vizcarra, em
imagem de
arquivo (Foto: Guadalupe Pardo/File Photo/Reuters)
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Pedro Pablo
Kuczynski renunciou à presidência nesta quarta. Congresso debate renúncia nesta
tarde.
O primeiro
vice-presidente do Peru, Martín Vizcarra, chegará na noite desta quinta-feira
(22) a Lima e assumirá a presidência do país nesta sexta, informa o jornal
"La Republica". Além de ocupar o cargo de primeiro vice-presidente,
Martín Vizcarra trabalhava como embaixador do Peru no Canadá desde outubro do ano
passado.
Nesta quarta,
Pedro Pablo Kuczynski, conhecido como PPK, renunciou
à presidência do país. Ele enviou uma carta de renúncia ao Congresso,
que tem previsto iniciar às 16h locais (18h, pelo horário de Brasília) uma
sessão para debatê-la. De acordo com a agência Efe, a discussão deverá ficar
para a sexta, para evitar um vazio d epoder. O presidente do Congresso, Luis
Galarreta, já divulgou na quarta que os partidos acordaram que vão aceitar a
renúnca de PPK.
Martín Vizcarra
afirmou pelo Twitter que está "indignado com a situação atual" do
país. "Mas tenho a convicção de que juntos demonstraramos mais uma vez que
podemos seguir adiante. Por isso, volto ao Peru para me colocar à disposição do
país, respeitando o que manda a Constituição", afirmou.
Engenheiro civil,
Vizcarra já foi chefe do governo regional do estado de Moquegua (2011-2014),
região mineradora do sul do Peru marcada por desigualdades. Uma de suas
principais conquistas foi torná-la uma das regiões com maior investimento do
PIB em educação. Também foi ministro de Transportes e Comunicações entre junho
de 2016 e maio de 2017.
A renúncia de PPK
ocorreu após 1 ano e 7 meses de governo e um dia antes de o Congresso discutir
uma moção de destituição contra ele, em meio a uma crise presidencial marcada
por vídeos divulgados pelo Partido "Fuerza Popular" que mostram uma suposta
compra de votos de seus aliados em troca de obras.
Em pronunciamento
acompanhado dos membros de seu gabinete ministerial, Kuczynski disse que sempre
trabalhou honestamente e que a oposição tenta manchar a sua imagem, o
classificando como corrupto. Segundo ele, as imagens dos vídeos foram editadas
e geraram "uma grave distorção do processo político".
Uma fonte do
Judiciário disse à agência Reuters que procuradores anticorrupção pediram a um
juiz que impeça PPK de deixar o país.
Vídeos
Kuczynski teria
um segund pedido de impeachment julgado pelo Legislativo nesta quinta-feira. O
pedido foi motivado por vídeos que o implicavam na compra de votos a seu favor
na primeira votação.
Em um dos vídeos,
o congressista Kenji Fujimori, irmão de Keiko e aliado do governo depois que
Kuczynski outorgou
indulto ao seu pai, o ex-presidente Alberto Fujimori, comenta ao
legislador Moisés Mamani, do partido opositor "Fuerza Popular" que
quem votasse à favor da vacância do presidente teria as portas fechadas.
Em outra
gravação, o funcionário do governo Freddy Aragón explica a Mamani que ele
poderia ganhar muito dinheiro em projetos de infraestrutura se ficasse ao lado
do oficialismo.
Moções de
destituição
Em dezembro, o
Congresso analisou uma primeira moção de destituição por denúncias de que a
empreiteira brasileira Odebrecht havia pago propinas à empresa de consultoria
de Kuczynski e rejeitado
seu afastamento.
A oposição
precisava de 87 votos a favor do impeachment para que Kuczynski deixasse o
cargo, mas conseguiu apenas 78. Outros 19 congressistas votaram a favor de sua
permanência, e 21 se abstiveram. Entre os que se abstiveram estão alguns
congressistas de esquerda, críticos do governo e que haviam aprovado o debate
de impeachment. Além disso, membros-chave do fujimorismo não apoiaram a saída
de PPK.
A oposição passou
a pressionar para que PPK deixe o cargo depois da denúncia de que a construtora
brasileira Odebrecht pagou mais de US$ 782 mil a sua empresa de consultoria, a
Westfield Capital, por consultorias entre 2004 e 2007, período em que Kuczynski
era ministro no governo peruano.
Kuczynski sempre
negou as acusações e disse que o processo foi baseado em uma mentira. Ele
explicou que foi seu sócio, o chileno Gerardo Sepúlveda, quem assinou e geriu
um contrato de assessoria financeira da Odebrecht e que ele nunca soube do
mesmo porque levantou uma "muralha chinesa" para distanciar-se da
atividade privada de sua companhia. A Odebrecht respaldou suas explicações,
dizendo que os pagamentos foram
legais e gerenciados com Sepúlveda.
Odebrecht no
Peru
O caso Odebrecht,
o maior escândalo de corrupção da América Latina, afeta quase todo o primeiro
escalão da política do Peru pelas milionárias propinas pagas pela construtora
entre 2005 e 2014 para obter grandes contratos em obras públicas, além de
financiar as campanhas eleitorais dos principais candidatos.
Funcionários da
Odebrecht admitiram na Justiça que a empresa também contribuiu em 2006 e 2011
para a campanha de vários políticos peruanos, incluindo Kuczynzki, um
empresário de direita de 79 anos, bem como à chefe do Força Popular, Keiko
Fujimori, filha do ex-presidente.
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